Manifestos
Durante os movimentos primitivistas iniciou-se um novo período de nacionalismo, porém não como o romântico, e sim com uma perspectiva crítica e debochada. A saída é a celebração de nossas raízes, indígenas e extra-européias, nos mitos e lendas da cultura popular. Buscaram mostrar o Brasil como a síntese entre o primitivo e o inovador: a alegria e a vida sem repressão indígena com a modernidade. Os movimentos mais fortes foram o Pau Brasil e a Antropofagia, criados por Oswald de Andrade.
Pau-Brasil
O movimento surgiu em 1925 com a publicação do livro de poesias Pau-Brasil de Oswald.
“- A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica.
A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”
·Cultuava o Brasil como a junção do arcaico e do moderno;
·Criticava com ironias o bacharelismo e o parnasianismo;
·Lutava por uma nova linguagem tipicamente brasileira, sem obrigações de pontuação, regras;
·A abordagem de temas populares;
·Quem mais centrou-se no movimento foi Oswald de Andrade.
Antropofagia
O Movimento Antropofágico, de 1928, liderado por Oswald de Andrade é uma resposta às questões colocadas pela Semana de Arte Moderna de 1922. Para ele, a renovação da arte nasceria a partir da retomada dos valores indígenas, da liberação do instinto e da valorização da inocência.
O Movimento é um desdobramento mais radical do Pau Brasil e uma retomada do Movimento Tropicalista, da década de 1960. O objetivo de Oswald de Andrade era a de “uma atitude brasileira de devoração ritual dos valores europeus, a fim de superar a civilização patriarcal e capitalista, com suas normas rígidas no plano social e os seus recalques impostos, no plano psicológico” (Antonio Candido).
O manifesto antropofágico colocou em questão o capitalismo do terceiro mundo: a dependência. Denunciou o bacharelismo das camadas cultas que copiavam os países capitalistas hegemônicos.
Quem mais centrou-se foi Mario de Andrade, com Macunaíma.
Apesar das mudanças e da evolução do país em vários aspectos, o Brasil que Oswald de Andrade escreveu o Manifesto Antropofágico é ainda o mesmo Brasil de hoje: dependente. Dessa forma podemos dizer que o manifesto antropofágico é um movimento que instalou-se de maneira forte e duradoura na cultura brasileira.
Verde Amarelismo
Respondia ao nacionalismo do Pau-Brasil e criticava o “nacionalismo afrancesado” de Oswald. Sua proposta era de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo, evoluindo para o Integralismo de Plínio Salgado (década de 30). Idolatria do tupi e anta eleita símbolo nacional. Em maio de 1929, o grupo verde-amarelista publica o manifesto “Nhengaçu Verde-Amarelo - Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta”.
Manifesto Regionalista
Revistas
A Klaxon - Mensário de Arte Moderna - foi a primeira revista Modernista do Brasil e começou a circular logo após a realização da Semana de Arte Moderna. O primeiro, dos seus nove números, foi publicado em 15 de maio de 1922 e o último em janeiro de
O principal propósito da revista foi servir de divulgação para o movimento modernista, e nela colaboraram nomes como Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Sérgio Buarque de Holanda, Tarsila do Amaral e Graça Aranha, entre outros artistas e escritores.
Além disso, também eram publicados ensaios, crônicas, críticas de arte, piadas, gravuras e anúncios sérios como os da "Lacta", que contrastavam com anúncios satíricos como os da "Panthosopho, e Pateromnium & Cia", uma empresa que fabricava sonetos.
A revista Klaxon foi inovadora em todos os sentidos: gráfico, existência de publicidade, oposição entre o velho e o novo. O edital do primeiro número da revista, assinado por vários colaboradores, afirmava os caminhos que os modernistas pretendiam seguir. Abaixo você encontra alguns trechos desse edital.
"Klaxon sabe que a vida existe.
E, aconselhado por Pascal, visa o presente.
Klaxon não se preocupará de ser novo, mas de ser atual.
Essa é a grande lei da novidade. (...)
Klaxon sabe que o progresso existe.
Por isso, sem renegar o passado, caminha para adiante, sempre, sempre. (...)
Klaxon não é exclusivista.
Apesar disso jamais publicará inéditos maus de bons escritores já mortos.
Klaxon não é futurista.
Klaxon é Klaxista. (...)
Klaxon cogita principalmente de arte. Mas quer representar a época de 1920 em diante.
Por isso é polimorfo, onipresente, inquieto, cômico, irritante, contraditório, invejado, insultado, feliz."
- 1ª fase - A revista está ainda marcada por uma consciência ingênua não muito distante da que informou o modernismo klaxista, apesar dos seis anos decorridos. Ela inicia-se com o polêmico manifesto de Oswald e conta com Alcântara Machado, Mário de Andrade (2º número publicou um capítulo de Macunaíma), Carlos Drummond (3º número publicou a poesia “No meio do caminho”); além de desenhos de Tarsila, artigos em favor da língua tupi de Plínio Salgado e poesias de Guilherme de Almeida.
- 2ª fase - Mais definida ideologicamente, com ruptura de Oswald e Mário de Andrade. Estão nessa segunda fase Oswald, Bopp, Geraldo Ferraz, Oswaldo Costa, Tarsila, Patrícia Galvão (Pagu). Nessa segunda fase a agressividade de Oswald causou uma ruptura com vários colaboradores da Revista, como por exemplo: Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade.
Os "antropófagos" passaram a direcionar suas críticas contra: à sociedade, à cultura em geral e à história do Brasil.
Confira abaixo uma crítica publicada na Revista de Antropofagia direcionada contra a Escola da Anta:
Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo.
Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos.
De todas as religiões.
De todos os tratados de paz.
Tupi or not tupi, that is the question.”
(Manifesto Antropófago)
Outras Revistas Modernistas...
- Revista Estética (RJ - 1924)
- Revista Terra Roxa e outras Terras (SP - 1926, colaborador Mário de Andrade)
- A Revista (1925-1926)
- Revista Festa (RJ - 1927, Cecília Meireles como colaboradora)
- Revista Verde de Cataguazes (MG - 1927-1928)
5 comentários:
Caras alunas!
Gostei muito, está bem completo!!!
Um abraço.
Professor Fabiano Grazioli
Gostaria de saber o nome dos autores do texto, pois pretendo utilizá-lo como apoio em sala de aula e acho imprescindível citar a referência completa do blog.
Sou professora de Arte do Ensino Fundamental e Médio e agradeço muito a contribuição de vocês.
Maysa Nara Eisenbach
O texto ta bem bacana, mas infelizmente tem um erro bem notável. Ao falar de antropofagia "O Movimento é um desdobramento mais radical do Pau Brasil e uma retomada do Movimento Tropicalista, da década de 1960". Sim, o tropicalismo aconteceu na década de 60, mas não pode ser uma retomada do manifesto antropofágico porque este foi publicado na revista "Antropofagia" em 1928. É o tropicalismo que retoma o manifesto antropófago.
Mas eu gostei. Valeu ;)
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