13 de abril de 2007

REPERCURSSÃO DA SEMANA DA ARTE MODERNA

Há 85 anos, um grupo de conferencistas abriu uma das maiores manifestações culturais da história. A Semana de Arte Moderna reuniu artistas, músicos, poetas, escritores e pintores, ela prometia o novo, algo a ser recebido com uma certa curiosidade e interesse, mas não foi isso que aconteceu.
Na noite principal, enquanto Menotti Del Picchia expunha as características e objetivos do movimento, Mário de Andrade recitava a Paulicéia Desvairada sob vaias. Isso aconteceu com quase todos os artistas. Mas esse era o espírito do movimento: o deboche, a ironia, o bom humor, tudo fio condutor por onde os jovens intelectuais paulistas quebravam laços com os movimentos anteriores. Pode-se dizer que foram as vaias e os insultos que salvaram a semana, salvaram-na da irrelevância, desde o primeiro momento, transformando-a em "caso", em escândalo, e deram-lhe o ar de juvenil travessura responsável por seu eterno encanto.
A Semana que chocou a sociedade conservadora recebendo muitas críticas foi importantíssima para a renovação artística do Brasil, uma verdadeira revolução literária que estabelecia uma liberdade absoluta na arte. Um dos grandes objetivos deste evento foi situar a literatura brasileira na modernidade contemporânea. Isso só foi possível após um contato com as técnicas literárias e visões de mundo da vanguarda européia, provenientes do futurismo, do dadaísmo, do expressionismo e do surrealismo. A semana de 22 foi o primeiro passo para a arte brasileira de hoje, sem ela provavelmente nossa produção artística tivesse seguido um rumo diferente, e hoje não conheceríamos a tão cantada Garota de Ipanema.
E como os principais períodos da arte brasileira estão ligados às mudanças de regime ocorridas no País ao longo de sua existência. Era óbvio que um mês depois da SAM, a política viveria dois momentos importantes: eleições para Presidência da República e congresso (RJ) pa
ra fundação do Partido Comunista do Brasil.
Também em 1922 houve o episódio dos 18 do a Forte, a sangrenta marcha na Praia de Copacabana que marcou o início das revoltas militares contra a Republica Velha. Houve várias comemorações do centenário da Independência e a primeira transmissão de radio do Brasil. Ainda no campo da política, surge em 1926 o Partido Democrático que teve entre seus fundadores Mário de Andrade. A fase mais radical justamente em conseqüência da necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do passado. Caráter anárquico e forte sentido destruidor.





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