12 de abril de 2007

LIVROS

O poder econômico e cultural da metrópole paulista favoreceu a uma geração de escritores e artistas que, unidos pela realização da Semana, acabaram se beneficiando, algo excessivamente, do monopólio de nossa modernidade. A Paulicéia desvairada (Mario de Andrade) enterra de vez o que poderia ainda subsistir de resquício belle-époque em algumas florações do modernismo carioca. Incorpora os sotaques populares de Brás, Bexiga e Barra Funda (Alcântara Machado), e, na literatura crítica do passado, se abre às contravozes de Oswald de Andrade, de Juó Bananére. 1922, porém, foi um palco; E muitos amigos de uma Semana tornaram-se inimigos da vida inteira.


Arlequim

Ilustração da capa do livro Arlequim, 1922, de Dom Xiquote, pseudônimo de Bastos Tigre (1882 - 1957). Capa e ilustrações de Correia Dias (1896 - 1935). A verve humorística de Bastos Tigre aliou-se ao traço de Correia Dias para juntos produzirem Arlequim. Curiosamente, no mesmo ano, um dos mais célebres livros modernistas – a Paulicea desvairada – também exibiria na capa as cores do arlequim.




Cobra Norato

Detalhe da capa do livro Cobra Norato, 1932, de Raul Bopp (1898 - 1984). Capa de Flávio de Carvalho (1899 - 1973). A obra, considerada a grande expressão poética do Movimento Antropófago, reelabora a magia dos mitos amazônicos, numa linguagem concisa, voluntariamente "primitiva", num fluxo discursivo em que estão rarefeitos os sinais de pontuação. A edição apresenta bonita capa de Flavio de Carvalho (1899-1973). Tiragem declarada, mas discutível, de 2600 exemplares, uma vez que o teto dos livros modernistas situava-se em torno das 1000 cópias.



Pau Brasil
Capa do livro Pau Brasil, 1924, de Oswald de Andrade (1890 - 1954). Capa de Tarsila do Amaral (1886 - 1973). Um dos livros fundamentais do Modernismo, foi publicado em Paris, com a famosa capa em que Tarsila do Amaral (1886-1973) estiliza a bandeira brasileira. A verve trocadilhesca de Oswald se estampa na dedicatória do exemplar: "Para o José Clemente muito grato pela sua clemencia".


Pathé Baby

Detalhe da capa do livro Pathé Baby, de António Alcântara Machado (1901 - 1935). A morte prematura interrompeu a trajetória de um dos mais promissores talentos ficcionais do Modernismo. Alcântara Machado, cronista exemplar da pequena burguesia paulistana, conjugava agilidade narrativa, vivacidade de diálogos, espírito crítico e bem-humorado. Pathé Baby – que reúne crônicas de viagem numa espécie de "cardápio" audiovisual -, primeiro livro do autor, foi bastante valorizado pelas ilustrações de Paim.



Paulicea Desvairada

Capa do livro Paulicea Desvairada, 1922, de Mario de Andrade (1893-1945). Um dos livros-chave do Modernismo, publicado no ano da Semana de Arte Moderna. Alguns de seus poemas foram lidos por Mario nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, quando da realização da Semana, e obtiveram a "consagração" dos apupos do público.




Cahetés
Capa do livro Cahetés, 1933, de Graciliano Ramos (1892-1953). Em larga medida, a ficção regionalista de 30 foi antimodernista, retomando o diálogo com a linhagem romanesca do século XIX. É o caso de Cahetés, estréia de Graciliano Ramos, sob forte e admitida influência de Eça de Queirós. Este exemplar possui alterações manuscritas do autor, inseridas em edições posteriores.

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